O selo Tordesilhas publica pela primeira vez no Brasil uma das principais peças do escritor italiano Luigi Pirandello, Prêmio Nobel de Literatura de 1934, considerado um dos escritores mais relevantes do século XX. Representada pela primeira vez em 1917, enquanto a Itália passava pela insegurança da Primeira Guerra Mundial, Assim é (se lhe parece) coloca em xeque os conceitos de “verdade” e “objetividade”. Desde então, inúmeras montagens acumularam-se mundo afora – inclusive uma performance lendária do Teatro Brasileiro de Comédia, em 1953, com Cleide Yaconis e Paulo Autran, elogiada por Décio de Almeida Prado e vencedora do Prêmio Governador do Estado de São Paulo. Através de diálogos ágeis e divertidos, em tradução de Sergio N. Melo, Pirandello expõe a história da senhora Frola, uma velha que se muda para o mesmo prédio de uma família da alta burguesia italiana, os Agazzi, e se recusa a recebê-los – gesto que é encarado com indignação pelo senhor Agazzi, ocupante de um cargo elevado na prefeitura da pequena província. A revolta logo se torna perplexidade e curiosidade, com o surgimento do senhor Ponza, genro da velha e colega de repartição do senhor Agazzi. Ponza se desculpa pela sogra e pede que todos tenham paciência, pois ela enlouqueceu com a morte da filha e agora está sob seus cuidados. Pouco tempo depois, é a senhora Frola quem conta, de forma coerente e sã, ser o genro quem de fato se abalou mentalmente e, portanto, acredita que a esposa está morta. Entre idas e vindas de ambos, a confusão de todos aumenta cada vez mais, beirando o desespero. Para piorar, o cunhado de Agazzi, Laudisi, insiste em tentar convencê-los de que a verdade não existe.