Este livro surgiu de um desejo justo de ajudar a lançar a obra de Roberto Piva para além de seu círculo de fãs apaixonados. Com um séquito fiel e diverso, o poeta reuniu livreiros, office boys, bêbados, artistas plásticos e tantos quantos se sentissem transgressores o suficiente para unirem erudição com bandidagem. De uma estirpe refinada e canalha, Roberto Piva só não negociava com os estados mornos de ser e, usando sua verve afiada, aliada a um humor cáustico, buscava produzir surpresas. E esta seria a primeira das sensações que imprimia a seus leitores, mas como um desdobramento estético e ético, de um projeto de solidariedade subjacente. Tal solidariedade no qual estão embebidos seus versos, aparecem na superfície como ataques que permeiam seus versos, entre a mágoa e o chacoalhar de consciências amestradas. Em toda sua obra, crivada de erotismo e ironia, Piva propõe a solidariedade e o direito ao diferente, e num gesto radical, profundo e visceral, degustando o bom e o pior e, regurgitando versos aos que não lhe opunham resistência. Surpreendente será sempre seu nome do meio, e ajudar a lançá-lo para fora de seu círculo de conforto, requereu alguma dose de método, disciplina e pilhas de teorias, mas não para explicá-lo ou fruí-lo, mas para conseguir mergulhos para além dos versos publicados, desdobrando fímbrias de dores, urros e gargalhadas que se sobrepõem como camadas de suas tantas e ricas experiências.