Ao reconstituir a noção de aura a partir dos ensaios "Pequena história da fotografia", "A Obra de arte na época de sua reprodutibilidade técnica" em suas diferentes versões e "Alguns temas em Baudelaire", Taisa Helena Pascale Palhares reconhece um objeto histórico e um medium-de-reflexão, conceito abordado no decorrer do livro. Benjamin procura interpretar o estado do mundo regido pelo capital e pela mercadoria. A aura - da fotografia, do cinema, dos acontecimentos históricos, de um nome - diz respeito a tudo que sabemos que em breve não mais estará diante de nós, tudo que traz consigo vestígios de um desaparecimento. Escrito originalmente como tese de mestrado em filosofia na USP, em São Paulo, Aura revela como as técnicas de reprodução determinam a estetização da política, como a figura do ditador nasce da fusão entre o próprio ditador, a técnica e o público. Nesse sentido, a aura não é prerrogativa dos deuses ou dos santos, e sim uma forma de dominação a serviço do Estado. "Do ponto de vista da história da estética, o termo "aura" somente recebe significado filosófico pelas mãos de Walter Benjamin. Semanticamente a palavra origina-se na tradução do grego aura para o latim aura, que significa sopro, ar, brisa, vapor. Sua ilustração como círculo dourado em torno da cabeça, tal como aparece em imagens religiosas, talvez derive da identificação vulgar entre o termo grego e o latino aureum (ouro), que deu origem à palavra auréola. Simbolicamente, entretanto, ambas (aura e auréola) indicam um procedimento universal de valorização sagrada ou sobrenatural de um personagem:a aura designa a luz em torno da cabeça dos seres dotados de força divina, sendo que a luz é sempre um índice de sacralização."