Em 1887, cinco anos depois da morte de Charles Darwin, seu filho Francis publicou esta Autobiografia, escrita pelo pai em 1876. A primeira edição apareceu mutilada. As que se seguiram, também. A família considerara impublicáveis as conclusões a que Darwin chegara, na maturidade, sobre as religiões em geral e, especialmente, o cristianismo. Conclusões chocantes para o próprio autor.Quando jovem, Darwin considerara seriamente a possibilidade de tornar-se pastor da Igreja Anglicana, chegando a preparar-se para trilhar esse caminho. O apelo das ciências naturais foi mais forte. Não por causa de sua educação formal, mas apesar dela. Estudante sem brilho a ponto de seu pai ter sérias dúvidas sobre o futuro do filho , Darwin se aborrecia com as inúteis lições recebidas na escola. Preferia fazer longos passeios a pé, caçar, observar paisagens e conversar, a dois ou em grupos, sobre os temas que lhe interessavam. Durante muito tempo viveu dividido entre seu insuficiente desempenho escolar e a crescente vontade de dar uma contribuição relevante à ciência.