Este livro retoma alguns dos problemas centrais da Filosofia tradicional da Mente – tal como o dualismo mente-corpo e a natureza da consciência – e procura considerá-los na perspectiva inovadora das teorias recentes sobre a cognição distribuída, a mente estendida e os sistemas complexos. Essas contribuições são associadas a uma concepção emergentista da mente humana, que procura situá-la na rede de processos naturais e sociais que constituem as condições de base para o surgimento da mente e a manutenção de suas funções, especialmente as funções intelectuais superiores, como a consciência reflexiva, a linguagem simbólica, o discernimento, a racionalidade e a consciência moral, aspectos únicos com os quais podemos caracterizar a humanidade plenamente. Além de se valer de teorias e concepções conhecidas, o livro apresenta ideias inovadoras, tal como a caracterização da mente humana como um sistema complexo de cognição e ação distribuídas, isto é, como aquilo que habilita os seres humanos a tomarem parte na riquíssima rede de relações que constitui a sociedade e a cultura em geral. Assim, este livro contribui não apenas para se refletir sobre os temas específicos da Filosofia da Mente, mas também para pensar os fundamentos das Ciências Humanas como aquelas disciplinas que se dedicam ao estudo dos produtos da ação humana em sociedade. A própria mente humana é vista como resultado de processos evolutivos, biológicos e psicológicos, em associação com processos sociais, especialmente a linguagem, cuja relação com o mentalismo humano é indiscutível, mas ainda pouco compreendida pela Filosofia e pelas Ciências.