Autoritarismo e Eros: Uma Viagem à União Soviética, de Vilma Figueiredo, é um ensaio de sociologia política onde os problemas de governo e formação do Estado são examinados à luz dos vínculos que a sociedade estabelece. O texto, com o sabor literário de um relato, é apresentado em linguagem acessível não apenas aos cientistas sociais, mas também ao público geral. Despotismo versus liberdade, autoritarismo e supressão da criatividade social são os eixos centrais de análise que permitem o exame da Rússia czarista e da União Soviética, apontando para o necessário momento de abertura política e de reconstrução da sociedade que tomaram corpo na era Gorbatchv . A vitória do povo, apoiado pelos líderes eleitos, sobre o golpe de agosto, é o cenário em que Eros, com sua força criadora, é reconhecido e disciplinado por governantes que, se legitimam, inaugurando tempos democráticos cujo andamento vai depender do adequado equilíbrio entre liberdade e disciplina, criação e autoridade. Tal é a perspectiva com que se encerra este estudo sociológico que é não menos, como bem diz o seu subtítulo e o de sua escritura, um registro de viagem a uma cultura vasta e complexa, que continua a elaborar o seu rico potencial e tem muito a revelar de si.