Reina no coração de Anna uma solidão sem fim. Estamos em 2010, o Brasil decai em uma barafunda danada, mas ela não deixa de se perguntar o seguinte: “por que, afinal, até agora, nesta Terra, só vigoraram filosofias de origem europeia?” — E ouve como resposta: “A tudo deves estar atenta, minha pequena. Surgirá dessa sua atenção quando plena, senão uma filosofia, ao menos uma atenção carinhosa que, quando dedicada ao universo, permitirá o nosso ressurgimento”. Mas de quem é essa voz? No universo em desencanto, não é possível ouvi-la. Dez anos depois, haverá uma epidemia de Covid, e Anna aprenderá a se cuidar muito mais. Se em 2010, ela se deixa seduzir por um professor estrangeiro, em 2020 ela vem como autora disto que aqui se enuncia como uma Filosofia Primeira. Se em 2010, ela verá, o tal professor, existindo dentro dela, e, por 10 anos, este mesmo professor muito abusar dela, em 2016, tudo se resolve. Sim, senhor. Em sendo Anna filósofa, o que restaria-lhe fazer, a não ser pensar? Por causa dessa experiência de pensamento é que virão em seu auxílio não somente filosofias europeias, mas também as sacerdotisas de Creta. Em 2017, diz a Luz que a ilumina: que seria necessário que ela confessasse tudo. “O medo é para os fracos. Nada temo. Para voltar a ser na imanência dos deuses, ousou permanecer no lume desta nave chamada Avati Amuni. Da verdade devota, morreu para alcançar o vetusto poder de revelar o poder-ser de uma Übermeschen, super-humana. Pergunta-se, por fim, já em 2020, Anna: “o que farão em minha ausência?”. Até agora, só Ninguém respondeu...