A noite de Istambul não é mais a mesma. Um serial killer está à solta e a cada assassinato o ritual de morte se torna mais bizarro: travestis com nomes de profetas começam a cair mortas numa série de crimes que remetem ao Alcorão. De dia, um técnico de informática; nas concorridas noites da cidade, uma travesti e sócia de uma casa noturna - eis o protagonista (ou seria melhor dizer a protagonista?) escolhido pelo escritor turco Mehmet Murat Somer para deixar o batom de lado e sair à caça do fanático religioso em seu bem-humorado romance de estreia, Batons, assassinatos e profetas. A tarefa desse personagem tão divertido quanto sedutor, sobre o qual o leitor não sabe nem o nome, não é nada fácil, principalmente com as pressões do seu corrido dia a dia: as investigações acontecem entre uma sessão e outra de depilação e disputam espaço com seus amantes rotativos. E, ainda que seja difícil correr atrás de um assassino com salto agulha e roupa de couro, ela é a investigadora perfeita: conhece o mundinho como ninguém, pesquisa na internet como um ás da informática e seu barman é o maior fofoqueiro da cidade. A questão é: conseguirá ela desvendar o mistério sem desfazer suas unhas nesta trama que desafia a sobriedade do gênero policial, com pinceladas dignas de um filme de Almodóvar?