Baudelaire, de Théophile Gautier, foi publicado originalmente como prefácio à primeira edição das Obras completas de Charles Baudelaire, da editora parisiense Calmann-Levy, em 1868. Além deste belo texto, até então inédito no Brasil, a edição da Boitempo reúne os artigos e cartas que aparecem como apêndice na publicação da editora francesa.Entre os textos, estão cartas de Sainte-Beuve, do marquês de Custine e de Émile Deschamps que fazem referência ao processo sofrido por Baudelaire após a publicação de Flores do Mal, dando ao leitor um panorama da recepção de seus contemporâneos à obra. Esses artigos foram escritos por iniciativa dos respectivos autores; ao incluí-los na edição, Baudelaire buscava aval para o seu livro. Foi acrescentada também a carta que Victor Hugo escreveu em 1859, por solicitação de Baudelaire, para servir de prefácio ao seu texto sobre Théophile Gautier.Em seu texto, Gautier analisa também o Baudelaire crítico de arte e tradutor de Edgar Allan Poe. Mais do que uma crítica, trata-se de um depoimento pessoal, em tom apaixonado, devido à morte de Baudelaire e os ataques a Flores do Mal. O autor seleciona os poemas que considera mais notável, detendo-se profundamente em quatro: 'Don Juan aux enfers', 'La vie antériure', 'Les Petites vieilles' e 'Revê parisien'.A edição revela um testemunho de rara beleza, que representa as características de uma época marcante da literatura francesa. Um texto que combina a fina observação psicológica e o rigor do crítico com qualidade poética.