Algumas pessoas hão de observar que corrupção é um tema que nada tem a ver com Deus, é assunto de Economia, de organização da Sociedade, de Política e de costumes de um povo, a depender de sua Cultura. Hão de destacar que Deus está em outro patamar, superior, o plano elevado da Religião. Ora, ao reler a Bíblia com atenção, em comunidade e com a ajuda de gente que se capacita para estudá-la a fundo, as pessoas vão tendo a grata surpresa de descobrir que Deus está mais perto do que imaginávamos. Começam a perceber que Sua transcendência ou elevação acima de tudo é, na verdade, para garantir que está presente em todas as coisas e situações de vida.
Quando Moisés teve o impulso de identificar Deus, como se fosse uma pessoa separada ou um objeto, recebeu resposta desconcertante: “Eu Sou Aquele que Sou”, o mesmo que dizer “Eu sou o Sendo”, quer dizer, “Eu sou O que vai se manifestando”, “Sou o que está aí” (cf. Ex 3).
– Sebastião Armando Gameleira Soares
Interessante perceber que Amós se coloca em oposição também àquela religião institucionalizada, oficial, sacerdotal, a serviço do poder estatal. Na ótica do profeta, o culto não estava a serviço de Deus, mas dos poderosos (Am 7,12-13). Até mesmo as festas religiosas eram usadas para explorar o pobre. Os momentos que deveriam ser de adoração a Deus foram transformados em oportunidade para a coleta de tributo através das oferendas que os camponeses traziam ao templo. Os comerciantes, denuncia Amós, maquinavam formas de ganhar lucro “diminuindo medidas, aumentando pesos e viciando balanças” (Am 8,4-6). Isto significava uma total perversão do culto, já que as festas estavam ligadas à libertação do povo.
Politicamente, o profeta campesino estava, de forma clara, se colocando na oposição daquele sistema político-religioso corrupto. A tomada de posição de Amós fica nítida quando lemos o profeta Jonas5 falando do reinado de Jeroboão II em 2Rs14,25.
– Eunaide Monteiro e Liniker Xavier