Quantos mundos cabem numa história para a infância?
Tantos quantos a imaginação deixar fluir. Quem escreve e quem lê histórias infantis, cresce em possibilidades do imaginário para o real. Clunny Cambria, em seu primeiro trabalho infantil, aborda diferentes propostas numa mesma narrativa, sem perder o fio da tessitura. O resultado é um rico recurso de divertir e enriquecer saberes.
A reserva Punura vai se materializando em nosso pensamento à medida que suas/seus habitantes são apresentadas/os. Uma bicharada cheia de personalidade! Cada qual com adjetivos muito pessoais, que permitem à leitora e ao leitor o lugar de quem conhece de pertinho as personagens, podendo, inclusive, experimentar diferentes sentimentos de acordo com suas características. E por que não conhecer essa bicharada seguindo uma didática ordem alfabética de nomes? Também coube no livro esta proposta que expressa olhares e criatividades de uma autora que está no chão da sala de aula.
Para além da diversidade de animais, da riqueza de adjetivos e sentimentos trazidos na narrativa, da ludicidade com que o alfabeto é apresentado e das rimas que dançam no texto, brincando com os sons das palavras, o livro registra elementos específicos do contexto sócio-histórico resultante da pandemia que vivenciamos, misturando fantasia e realidade; informando e disseminando medidas de biossegurança; registrando a importância da Ciência para a preservação da vida. Bicho pra lá, bicho pra cá, vamos brincar de alfabetar?
se o verso é imerso
e o pensar, controverso
na palavra atraverso
os relevos do mundo
é o dia em segundo
é o sopro no vento
é um novo rebento
é o raso e o profundo