Quantas biografias de Nicolau Maquiavel já foram escritas? Por que esta continua a ser a mais apreciada? Da primeira edição de 1954, à sétima, de 1978, Roberto Ridolfi foi polindo, suprimindo e acrescentando tanto a seu livro que o corpo de notas ficou com praticamente o mesmo volume do corpo do texto. E não são só notas bibliológicas (mais abrangentes que simples notas bibliográficas), são inteiras discussões. “Como a resenha de Clark termina com palavras que qualificam o presente livro generally regarded as the best biography, os maldosos poderiam dizer que foi por isso que citei a Review of National Literatures”... Com humor, algum sarcasmo bem pertinho do insulto, R. Ridolfi acrescenta à biografia a sua NOTA BIBLIOGRÁFICA, de dez páginas, para relacionar as siglas que utilizou nas indicações de suas fontes. Mas não ficou por aí. Seu vício de estudioso agudo e atento, a transformou em um guia precioso para investigação, reflexão, aprofundamento de (simplesmente) tudo que se publicou sobre Maquiavel & sobre esse período tão dourado nos pseudos-estudos do Renascimento. Cada obra é apresentada com suas indicações bibliográficas (editoras, cidades, data de publicação), além de um comentário de duas, três linhas, sempre preciso, abrangente.Já na NOTA SOBRE OS PAPÉIS DE MAQUIAVEL, de pouco menos de três páginas, ele nos traça os caminhos dos papéis, documentos, cartas, enfim, do acervo de Nicolau Maquiavel. Inteiras séries de cartas foram desmembradas e “... desprezadas, quem sabe com quantas outras mais, pelos compradores grão-ducais no tempo das vacas gordas”. E a precisão se une mais uma vez à sensibilidade “..., parece-me que se possa tirar algum corolário arquivístico.” Na verdade, foi ele quem fez essa matéria toda ir parar na hoje tão famosa Biblioteca Nacional de Florença, onde a pulp fiction anglo-saxônica colocou recentemente seu penúltimo herói: Hannibal, o canibal...DE PRINCIPATIBUS: ÚNICA REDAÇÃO, de três páginas, é uma espécie de resposta à hipótese, articulada por outro filólogo, de que O Príncipe teria sido redigido em duas vezes.AINDA A PROPÓSITO DA NÃO OCORRIDA CONVERSÃO DE MAQUIAVEL, novamente três páginas, também é sua resposta à outra tese: Maquiavel teria se convertido no leito de morte.