Dinnie é o pior violinista de Nova York. Certo dia, Heather e Morag, as fadas mais sem noção da Escócia, entram voando pela janela de seu apartamento e vomitam no seu tapete. Banidas do seu país e brigando sem parar entre si, elas criam confusões inimagináveis ao mesmo tempo que tentam resolver seu maior problema- elas querem voltar para casa! Esse é o ponto de partida de As boas fadas de Nova York, que pode ser tudo menos um típico livro de fantasia. O autor britânico Martin Millar consegue montar uma história maluca e intrigante, que envolve choques culturais, uma garota com doença de Crohn que tenta completar um alfabeto de flores, brigas de rua entre fadas chinesas, ganesas e italianas, o fantasma de um rock star em busca de sua guitarra perdida, doses consideráveis de whisky e a possibilidade assustadora de uma guerra entre as fadas do Velho e do Novo Mundo. O renomado escritor Neil Gaiman (autor da série de HQs Sandman e do romance Deuses Americanos, entre outros) afirma na sua introdução- Quando o li pela primeira vez, presumi que não teria que esperar muito antes de As Boas Fadas de Nova York virar um musical da Broadway, ou mesmo um filme, tipo Shrek para adultos. Isso ainda não aconteceu devido à, sou forçado a concluir, falta de imaginação dos produtores da Broadway e da relutância das pessoas de Hollywood em gastar centenas de milhões de dólares em Morag e Heather, em Dinnie e Kerry. Eu não entendo nem um pouco essa relutância. Também não entendo a razão pela qual Martin Millar não é tão exaltado quanto Kurt Vonnegut, tão rico quanto Terry Pratchett, tão famoso quanto Douglas Adams. Mas o mundo é cheio de mistérios. A edição brasileira foi traduzida por Leonardo B. Scriptore, da banda de rock alternativo Twinpine(s), e a capa conta com uma ilustração/colagem da artista Silvana Mello, um dos grandes nomes da arte contemporânea brasileira. Nas palavras de Neil Gaiman, este é um livro para cada violinista que, tocando um antigo tema escocês, pulou de cabeça em I Wanna Be Sedated , dos Ramones, quando percebeu que era exatamente isso o que a música folclórica queria dizer. É um livro para cada menina com o cabelo tingido em casa e asinhas de fada que não consegue se lembrar mesmo do que aconteceu ontem à noite. É um livro para pessoas de qualquer tamanho e formato que gostam de ler bons livros.