O fenômeno do bolsonarismo está presente na formação social brasileira como uma característica ou condicionante que remonta ao escravismo, colonialismo em todas as suas principais construções societais: racismo, embrutecimento, indiferença ao social, “antipatia ao Outro”, machismo e elitismo. Talvez pudesse ser apresentado, resumidamente, num mix de lumpem e capitão do mato: Abapuru seria sua primeira vítima. Nunca se estabeleceu uma diferença clara entre público e privado, porque o hibridismo de capitalismo-escravista dispensava a cidadania. A diferença é que em 2018, como se diz, esse hibridismo foi “legitimado”, autorizado como força política. Os preparativos para sua posse, no entanto, remontam às revoluções coloridas juvenis de 2013 que, em seguida, abriram caminho no impedimento de 2016. Denominamos essa tomada de poder no impeachment de Ditadura Inconstitucional, uma vez que se operou uma Transmutação Constitucional para fins políticos. Ou seja, não se enquadra nas tipologias clássicas de “ditadura”. Os Grupos Hegemônicos de Poder, desde a Avenida Paulista em ressonância a muitos interesses dos EUA, formataram, manipularam essa formação social para agravar, agudizar seus ganhos, desconstruindo direitos fundamentais sociais e individuais. Com o capitão do mato revivido, esse Abapuru vítima e algoz, classes e subclasses sociais, elites, grupos, setores, instituições (especialmente públicas) e camadas sociais encontraram o caminho livre para dotar de poder o bolsonarismo e, assim, destituir de validação o Processo Civilizatório até então elaborado no Brasil. Por ser anti-intelectual, o bolsonarismo é absolutamente retrógrado, atávico, realmente muito próximo do “homini lupus homini”.