Em 6 de junho de 1982, as Forças de Defesa de Israel (IDF) cruzaram a fronteira norte do país e adentraram o Líbano. Definida inicialmente como uma operação de 72 horas, a Operação “Paz para a Galileia” foi a operação militar mais desastrosa da história de Israel, apelidada de “Vietnã israelense”, em alusão a invasão dos Estados Unidos ao Vietnã. Conhecido por suas vitórias militares, algumas inacreditáveis como a da Guerra dos Seis Dias (1967) em que Israel sozinho derrotou as maiores potências militares do Oriente Médio em seis dias, Israel se viu preso no Líbano. Uma operação que deveria desestabilizar as bases da Organização para Libertação da Palestina (OLP), se tornou muito maior, envolvendo Israel na Guerra Civil Libanesa, apoiando os maronitas (cristãos libaneses) e enfrentando a Síria. Os dias se tornaram meses que se tornaram anos. Apesar de ter conseguido desestabilizar a OLP, Israel teve perdas humanas, econômicas e políticas. O governo foi dissolvido em 1984, o ministro da defesa, Ariel Sharon, foi condenado em uma comissão de inquérito criada para discutir a responsabilidade israelense nos Massacres de Sabra e Chatila. Protestos enormes tomaram as ruas de Tel Aviv. A pergunta que nos resta: como uma potência militar como Israel pôde ter sofrido tanto na operação no Líbano? Esta questão é o que este livro se propõe a responder. Baseado na pesquisa de doutorado de Karina Stange Calandrin, que compilou uma extensa pesquisa bibliográfica, incluindo documentos inéditos que foram divulgados pelo governo de Israel em 2013. A tese foi premiada com o terceiro lugar do prêmio da Associação Brasileira de Relações Internacionais (ABRI) de melhor tese de 2021.