Essas "duas histórias na estrada" deixam no leitor um gostoso sentimento contraditório: ele vai querer saber logo o final, mas não vai querer que elas acabem.Na primeira, "A menina tatuada", a protagonista é Lavínia, que aos três meses de vida foi deixada num orfanato de freiras e cresceu querendo conhecer a identidade de seus pais. Virou policial - vai descobrir o que queria e o que não queria. Ela um dia recebe a missão de caçar (isto é, prender) um contrabandista que fez fortuna vendendo scotch paraguaio e outras coisinhas. Viajando num Opala, Lavínia e um policial de nome Cardoso seguem pela BR 163, aparentemente unidos pelo mesmo objetivo. Pouco a pouco, entretanto, percebe-se que nenhum dos dois tiras está ali no estrito cumprimento do dever profissional: com este criminoso, ambos têm assuntos pessoais a tratar.A protagonista da segunda história - Selene - perdeu cedo a mãe. Quando ficou menstruada pela primeira vez, o pai, um estelionatário, entregou-a aos cuidados de uma cafetina. Virou "garota de programa", mas prefere se chamar de "puta". Um dia Selene recebe um pedido do pai: ajudá-lo a fugir da penitenciária de Presidente Venceslau, no interior de São Paulo. Se o plano der certo, ele ganha a liberdade. Mas e ela? De certa forma, Selene está acostumada a se oferecer como caça, mas desta vez o programa vai sair da rota combinada.Lavínia e Selene têm um pique parecido. Elas não sabem, mas suas histórias vão se cruzar na BR 163.