O ano de 1989 é o assunto central deste precioso livro. Diferentemente de 1968, que se esgota em si mesmo, 1989 é o verdadeiro começo do século XXI. Ituassu nos revela de forma impressionante como o nosso cotidiano em 2012 tinha acabado de ser descoberto em 1989, uma espécie de revelação, depois de uma página virada. Na verdade, são diversas páginas arrancadas do livro: o socialismo ruiu, com toda a sua carga simbólica. No Brasil, verifica-se o colapso do desenvolvimentismo inflacionista e uma eleição presidencial que se repete desde então, onde se mesclam o velho e o novo e onde se inicia o debate sobre inflação, reformas, abertura, globalização e o tamanho do Estado. Mesmo que ainda estejamos às voltas com velhas doenças brasileiras, o corporativismo, a fisiologia e o rent-seeking, é possível dizer, conforme se vê pela crônica de 1989, que ali começou um novo ciclo, para o qual não parece haver desfecho. O livro de Arthur Ituassu é um raro e belo enunciado dessas origens esquecidas de nossos dilemas contemporâneos. Gustavo H. B. Franco Presidente do Banco Central do Brasil entre 1997 e 1999; professor do Departamento de Economia da PUC-Rio. Com base em meticulosa pesquisa nos jornais Folha de S. Paulo e O Globo, este livro mostra como 1989 foi um ano de crise e de oportunidade. A queda do Muro de Berlim marcou o colapso dos regimes comunistas e ofereceu a chance de os países do Leste europeu recuperarem suas identidades. A primeira eleição presidencial brasileira em um quarto de século assinalou não só o fim da ditadura implantada em 1964, mas sobretudo a falência do modelo isolacionista de (sub)desenvolvimento. Ituassu explica, sem recair em qualquer forma de reducionismo maniqueísta, como começou em 1989 o lento movimento de abertura do Brasil às nações amigas, que percorreu e percorre os governos Collor, Itamar, Fernando Henrique, Lula e Dilma. Arthur Dapieve Professor do Departamento de Comunicação Social da PUC-Rio e colunista de O Globo.