Os poemas, aqui apresentados, por Neusa Sorrenti são uma demonstração grandiosa e uma belíssima exposição do reconhecimento, admiração, carinho e respeito que muitas e muitos de nós temos pelos países africanos. A autora destaca aspectos do cotidiano e dos costumes de alguns países daquele continente, que nos remete ao entendimento de que lá ela esteve por muito tempo, apreciou e refletiu sobre tudo o que viu e viveu! Se de fato ela esteve por aquelas terras, eu não sei, mas a sensibilidade para falar sobre as riquezas naturais e culturais dos países é grande. Moçambique, terra que eu bem conheço, com seu Rio Zambeze, que transborda formosura e segue até o seu encontro com o azul do oceano. E nós acompanhamos essa travessia. A autora menciona a chapa, transporte público nesse país do Índico, que agrega tantas pessoas, de diferentes províncias moçambicanas, revelando realidades e amizades de quem é conduzido nela. E a ternura e realidade em que é narrada a pescaria em Cabo Verde? É revelada nessa escrita um modo de vida e costumes desse país que também tem interface com o Brasil, em várias práticas, sendo que nestes poemas, é destacada a pescaria. E o tambor não poderia faltar nessas letras poéticas! Ele é coração, pulsação presente nos festejos da cultura popular no Brasil, para tudo quanto é canto. As ilustrações de Mauricio Negro dialogam lindamente com cada trecho da poética de Neusa. Da delicadeza e sensibilidade dos dois, transborda o espelho do que é culturalmente cotejado entre a África e o Brasil. Axé! Rosália Diogo. Professora, Jornalista e Pesquisadora. Doutora em Letras/Literatura pela PUC Minas e Pós-doutora em Antropologia Social pela Universidade de Barcelona.