Uma longa pesquisa realizada no Sudão anglo-egípcio durante a década de 1920 é o ponto de partida para a reflexão que Evans-Pritchard desenvolve nesse livro a respeito das práticas de bruxaria entre os Azande. Representante de um período extremamente fértil da antropologia, o autor produz uma etnografia que se tornaria exemplar em termos de trabalho de campo. Com sua escrita de estilo magnífico, faz uma abordagem magistral da coleta de dados, da observação participante, do papel e do dilema do antropólogo no convívio com uma cultura diferente da sua.
Bruxaria, oráculos e magia entre os Azande é uma obra fundamental da antropologia social. Influenciou autores no mundo inteiro, abrindo caminhos para a reflexão sobre a pesquisa etnográfica e as relações entre trabalho de campo e teoria. Em 1976, o livro excessivamente volumoso foi condensado, num esforço de torná-lo acessível aos estudantes de ciências sociais e ao leitor em geral. Publicada já em 1978 pela antiga Zahar Editores, com tradução de Eduardo Viveiros de Castro, essa nova edição — revista pelo tradutor — é uma prova de seu vigor e lugar no pensamento antropológico atual. Eva Gillies, responsável pela introdução, examina a relevância contemporânea da obra e descreve a organização social e política dos Azande à época da pesquisa, permitindo que o leitor situe com precisão o contexto histórico analisado.
“Publicada originalmente na Inglaterra em 1937, esta descrição das ideias sobre a influência mágica e das práticas divinatórias entre um povo da África Central é vista como inaugural de um novo campo de investigação, aquele que se poderia chamar de etnografia da verdade. Evans-Pritchard representa a culminância de uma fase particularmente brilhante da história da antropologia”.
Eduardo Viveiros de Castro (“Nota do tradutor”)