A resistência e o combate ao genocídio e à destruição do planeta, para serem reais e efetivos, não podem mais ser delimitados por fronteiras nacionais. A revista Cadernos do Movimento Operário vem responder a tal consciência. Associada, como publicação irmã, à revista Cahiers du Mouvement Ouvrier, publicada na França desde 1998, os Cadernos pretendem combinar memórias concretas de lutas operárias e de resistência aos fascismos à pesquisa documental e à reflexão histórica.
Na França e na Rússia, historiadores e colaboradores ligados aos Cahiers estão na linha de frente de pesquisas que, a partir da abertura dos arquivos secretos russos, revisitam a história da contrarrevolução que estrangulou a Revolução de Outubro. Daremos seguimento, aqui, à releitura crítica e radical do movimento burocrático e repressivo que sufocou os sovietes, na URSS, e envenenou em escala mundial o processo de auto-organização independente dos trabalhadores. Mas recuperaremos também histórias de lutas noutros paíes.
Neste primeiro número, o negacionismo que acarretou uma catástrofe na Martinica (1902), e a formação do movimento operário nos Estados Unidos estão em primeiro plano, ao lado de movimentos de resistência ao fascismo stalinista.
“A defesa do movimento operário”, escreve o historiador e editor-fundador dos Cahiers Jean-Jacques Marie (ao lado do historiador russo Vadim Rogovin), “e´ também e em grande parte a preservação de sua memória, de seu passado, de sua história real, cada vez mais obscurecida.”