O livro 'Caipira sim, Trouxa não: representações da cultura popular no cinema de Mazzaropi' aborda os inúmeros estereótipos agregados à imagem do caipira, personagem presente principalmente no interior de São Paulo, Minas Gerais e Paraná, a partir do ponto de vista apresentado nos filmes de Mazzaropi. Caipira sim, Trouxa não entende e justifica a importância de Mazzaropi, de sua obra e dos caipiras, levando em consideração que um registro fílmico é uma problematização da realidade, não necessariamente um recorte fiel da História. O caipira construído por Mazzaropi em seus filmes é bem diferente daquele construído por Monteiro Lobato, que atribuía a personagens caipiras a imagem de ignorantes, preguiçosos e bobos. Mazzaropi, nadando contra a corrente, capturou as contradições existentes nas relações entre a cidade e o campo, revelando, sobretudo, outro lado do espírito paulista, mostrando o cotidiano daqueles que iam contra os valores dominantes. Com a intenção de divertir o público, Mazzaropi era um cineasta completo, que investiu tudo em suas obras. Escrevia roteiros, dirigia seus filmes, produzia cenários, músicas e também atuava. Lotava as salas de cinema e foi responsável por lançar atores e músicos como, por exemplo, Tarcísio Meira. Vindo do interior paulista, do seio da comunidade caipira, Mazzaropi teve de romper preconceitos e superar dificuldades para chegar ao lugar que chegou, tornando-se um dos mais bem sucedidos cineastas de sua época.
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