Oswaldo Goeldi foi definido por Aníbal Machado como alguém que parece não pertencer quase à vida cotidiana, mas que é um côncavo de ressonância para as vibrações do mundo. Não é a primeira vez que Goeldi é colocado lado a lado com o artista lituano, que ficou arrebatado a vida inteira pela temática da imigração e, desde sua descoberta do Brasil, pela negritude, hoje denominada de afro-brasilidade. A triangulação com Iberê Camargo é a maior contribuição desta mostra, uma vez que Iberê chegou a confessar dilacerei-me para escapar das influências poderosas de Portinari, Segall e Utrillo. A ostensiva ansiedade da influência é superada pela grandeza de sua gravura. Discípulo de Guignard, amigo de Goeldi e profundo admirador de sua obra, a inserção de Iberê Camargo permite tratá-lo, no melhor dos estilos borgeanos, como precursor de seus antecessores. O cotejo com Segall e Goeldi possibilita uma interpretação desdobrada do expressionismo no Brasil, que atinge no artista do Rio Grande do Sul um estágio intenso e original cuja leitura não pode prescindir da obra de seus antecessores.