Um livro, muitas histórias e um só compromisso: o compromisso de mostrar que é possível fazer. Neste Tomo, professores e alunos do Curso de Licenciatura em Letras do Instituto Superior do Vale do Juruena, mantido pela AJES – Associação Juinense de Ensino Superior, ? constroem um oásis numa obra improvável para muitos desavisados chegados e já de passagem por essas paragens. Num lugar ainda marcado pelo isolamento entreposto, cercado de aldeias e trabalhadores sem-terra às margens de rodovias e rios, os autores dos trabalhos aqui reunidos filmam e fotografam a Amazônia quase como Silvino Santos, em sua pathé a manivela, e os irmãos Villas-Bôas, algum tempo mais tarde, nos retratos que fizeram do Xingu. Nesse respeito, a figurativização aqui desenhada rabisca aquarelas literárias, linguísticas e sobre educação, cujas marcas mais sublimes ainda são o sonho, a capacidade de se encantar, de se comover e a coragem destemida de acreditar que o homem pode deixar de ser o animal feroz das histórias sem razão para ser o belo não profano, afável, solidário – que vive socialmente em comunidade de bem uns com os outros; apenas: um humano mais espiritualista e menos guiado pelo faro das sensações. Com efeito, tais sinais avessos à bestialidade ainda envergada por muitos dos que se dizem gente, que são enxergados e aplaudidos como se fossem exemplos de gente, aqui são confrontados fortemente pela espontaneidade, pelos olhares ainda não corrompidos e iluminados, pela graça de cada um e cada uma dos autores e autoras, em especial de alunos e alunas que inspiraram seus professores e professoras a com eles mergulharem, insurgirem e voarem para perquirir, amalgamar e materializar a narrativa viva, o mito, a metáfora da língua e uma educação desmineralizada a ser urgentemente reconstituída. Clodis Antonio Menegaz Cláudio Silveira Maia