‘Neste tempo em que um nó de desentendimento se aperta em torno dos estudos literários, a publicação do longo ensaio dedicado por Ricardo Vasconcelos à poesia de Luís Miguel Nava é duplamente de saudar: pelo modo como este estudo faz justiça à inquestionável qualidade e à originalidade absoluta desta obra poética, e pela forma como tal decorre da profundidade e da atenção de uma leitura que maneja instrumentos teóricos e analíticos específicos dos estudos literários, de maneira a garantir que a poeticidade dos textos emestudo nunca seja ignorada, ou sequer subestimada. Muito pelo contrário, pode mesmo dizer-se que é a valorização dessa inequívoca condição de poeticidade que orienta a selecção dos diferentes aspectos da poética de Nava destacados neste trabalho. O universo poético de Luís Miguel Nava, tão estranho quanto único, tão capaz de transmitir uma imensa sensação de fisicidade e concreção quanto de produzir efeitos de transfiguração que nunca deixam de surpreender o leitor, assenta, antes de mais, na constante experimentação dos limites da linguagem.Não surpreende, por isso, que o fio aglutinador dos diferentes passos da leitura agora proposta seja a noção de excesso, permanentemente articulada com a ideia de limite, ideia que aqui assume uma posição móvel, tanto mais quanto o recurso aos conceitos de excesso e de limite visa propiciar a elucidação de uma poética de quase-apresentação pela qual LuísMiguel Nava se confronta com o sublime.’ Rosa Maria Martelo