Em Campos de Concentração, Josep Bartolí e Narcís Molin i Fábrega apresentam a realidade dos campos de concentração onde os refugiados espanhóis foram internados no final da Guerra Civil Espanhola (1936-1939), quando cruzaram a fronteira juntamente dos milhares de espanhóis que fugiam da repressão do exército vencedor. Os refugiados, porém, eram internados em campos guardados por tropas coloniais. Nos primeiros dias de fevereiro de 1939, mais de meio milhão de espanhóis caminharam em direção aos Pirineus; em março de 1939, uma multidão saiu de Madri para o porto de Valencia, e a população que não cabia nos navios foi andando para o sul até o porto de Alicante, sendo deixados em Oram, Argélia, para onde os franceses enviaram os espanhóis que desembarcaram para os campos de concentração já existentes. Meio milhão de espanhóis tentaram cruzar os Pirineus. Em toda a trajetória, muitos morreram por fome e pelo frio daquele inverno rigoroso. E, na fronteira com a França, ficaram sujeitos aos humores do governo, também pressionado pelo anticomunismo da imprensa e das cadeias de rádio, pois o país não deveria acolher aqueles “indesejáveis”. Então, ao passarem, eram destinados aos campos de concentração, cujos arames os mantinham do mesmo modo apinhados, sem comida e à mercê das intempéries. Os desenhos originais de Bartolí e os textos de Molins i Fábrega, testemunhas do sofrimento e da barbárie de uma época terrível, retratam de forma chocante a triste realidade que viveram. Realidade essa que seria o prelúdio da destruição e morte a devastar, adiante, o continente europeu: a crueldade dos campos de concentração, que atingiria limites inimagináveis. De forma única, o lápis e a tinta de um desenhista e as palavras de um escritor compõem, com tanta precisão, um documento vivo, doloroso e brutal.