Qual a importância da inovação tecnológica para o capitalismo? Na teoria social ocorre debate interessante sobre os efeitos das Novas Tecnologias da Informação e Comunicação. Para alguns, esse novo padrão tecnológico invalida as teses de Karl Marx enquanto referência para o estudo do capitalismo contemporâneo. Daí o interesse em conhecer a explicação de Marx para o progresso técnico, principalmente sua análise da importância da tecnologia no processo de trabalho e na valorização do capital.
Por outro lado, a tese do capitalismo cognitivo de Yan Moulier-Boutang sustenta que o modo de produção, embasado nas tecnologias informacionais, modifica o capitalismo. Para ele, a globalização corresponde à emergência de um terceiro tipo de capitalismo: ou seja, o capitalismo industrial rompeu com o modelo mercantilista e está sendo substituído pelo capitalismo cognitivo.
De fato, as tecnologias informacionais alteraram as relações sociais. As redes transnacionais para a transmissão em tempo real de dados em hipermída modificaram o processo de trabalho. O novo padrão tecnológico viabilizou a expansão do trabalho imaterial, o que aumentou o número de trabalhadores cognitivos responsáveis pela produção dos bens-conhecimento ou bens-informação. Os cérebros interligados e prolongados pelas novas tecnologias potencializaram a inteligência coletiva alterando a forma de produção da riqueza. Cada vez mais, a inovação torna-se o diferencial competitivo. Consequentemente, o conhecimento é mercadoria supervalorizada, também denominado capital intelectual ou força-invenção. Os efeitos da exploração desse recurso estratégico, economicamente ainda incalculável, é o ponto principal do debate entre marxistas e cognitivistas.