O Dr. Eduardo Nascimento no início não era Caxinguelê e Caxinguelê se estranhava com o Dr. Eduardo, mas agora no final da história que não termina, assim são as rodas de capoeira, não terminam são apenas adiadas, os dois são capazes de se entender. Conheci o Dr. Eduardo antes de ser Dr., era apenas Eduardo meu irmão mais novo, se não de sangue mas de alma. Vi o estudante de medicina Eduardo se especializar em neurologia, e já diabético um dia lhe perguntei se esta batalha inglória contra as doenças degenerativas que são a área da neurologia não tinha haver com sua batalha diária contra os desequilíbrios da insulina; apenas balançou a cabeça e seguiu em frente: teimoso o rapaz. E com esta mesma teimosia resolveu fazer capoeira, eu já tinha me aposentado do berimbau mas tive que lhe ajudar nos primeiros passos que foram dados com dificuldade. Mas, eita teimosia, com o tempo o Dr. Eduardo incorporou as manhas e as firulas do Caxinguelê e o Caxinguelê se viu pensado a capoeira com a cabeça. Mas afinal o que se passa na cabeça de um capoeirista quando joga? É isto que este livro se propõe a responder e a resposta só poderia vir mesmo de um pesquisador que aliasse seu profundo conhecimento em neurologia com os desafios cenestésicos que teve que enfrentar como capoeirista. Este livro é uma leitura obrigatória para todos os que percebem na capoeira muito mais que um som de berimbau e um monte de gente de perna para cima. Sua abordagem clara, bem-humorada, (do Caxinguelê) é fundamentada em uma rigorosa pesquisa científica (do Dr. Eduardo) um único ser que se agacha aos pés do berimbau esperando a chamada para entrar na roda com você leitor. Marcus Coelho Angoleiro, mandingueiro, contador de histórias das inventadas como das vividas.