Nunca na História de Portugal uma rainha provocou paixões tAO contraditórias como Carlota Joaquina de Borbón (1775-1830). Requintada divindade tutelar para os seus seguidores, foi considerada vulgar, luxuriosa e assassina pelos seus inimigos. Talvez com o objectivo de alcançar a UniAO Ibérica, o seu avô, Carlos III de Espanha, casou-a com o futuro rei D. JoAO VI. Em pouco tempo, a engraçadíssima infanta espanhola, filha de uma bela e intriguista princesa italiana, conquistou com a sua desenvoltura o coraçAO da sogra, a rainha D. Maria I. Contudo, posteriormente os seus caprichos incomodariam uma corte receosa das suas origens. Diante das ameaças da RevoluçAO Francesa, D. Carlota tentou obter o protagonismo nos assuntos públicos. Foi travada pelos que nAO aceitavam que as mulheres se metam nos negócios. O ressentimento contra um marido que considerava fraco e menos inteligente do que ela, levou-a a recorrer à conspiraçAO. A sua misteriosa lealdade a Portugal durante a traiçoeira Guerra das Laranjas, declarada pelo seu pai. A irregular educaçAO dos filhos. Os rumores sobre os seus amantes. As excentricidades no Brasil. As intenções de ser coroada rainha em Buenos Aires. As intrigas para casar as infantas. A sua recusa em jurar a ConstituiçAO liberal. Tudo isto numa das épocas mais dramáticas de Portugal. Este pecado levou a que depois dela, nunca mais uma espanhola voltaria a ser rainha de Portugal ou uma portuguesa rainha de Espanha. Rompendo-se uma tradiçAO nascida na época de D. Afonso Henriques.