Não que sua vida anterior fosse mundana, até que ele se divertia bem, mas sua alma permanecia inquieta: ele queria mais, muito mais. Um palco maior, novos cenários, coprotagonistas melhores, mais ação. E ele conseguiu... O sol batia forte em seu rosto e ele estava feliz, simplesmente por ser ele mesmo. Era ele e o mundo. Não havia barreiras entre eles. Já dava para sentir o gosto do sucesso. E Charlie queria o bolo todo, não apenas a deliciosa fatia que acabara de experimentar. Ao subirem um dos viadutos, já nos arredores de San Francisco, uma vista magnífica da cidade foi crescendo a frente deles. O brilho ofuscante do sol nascente batia no aço e nos vidros dos arranha-céus de arquitetura moderna. Ao atingirem o topo do elevado, a cidade parecia se oferecer a quem quisesse tomá-la e desfrutá-la. Charlie já se sentia como forte candidato! "Três quilos? Tudo em mim? Só se eu for de Carmem Miranda e levar o bagulho na cabeça!" - exclamou Zanella, gozando o amigo. "Já tá querendo se vestir de mulher? Que novidade é essa? Você tá mudado, heim?" - retrucou Charlie. "De Rei Momo então... Com o bagulho na cintura?" - arrematou Zanella, rindo. Os dois formavam uma dupla perfeita, eram como contrabaixo e bateria: instrumentos completamente diferentes, mas que se encaixavam cada vez com maior perfeição, quanto mais intenso fosse o ritmo. Essa combinação que sempre rendera muita curtição, estava prestes a começar a render dinheiro, muito dinheiro. Começaram a se despir numa louca e excitante afobação. Charlie a jogou na cama, já completamente nua, quando se lembrou da porta aberta. Fechou-a. Voltou em segundos e se atirou naquela piscina de prazeres com toda volúpia. A cada vez mais estonteante loira alemã o recebeu com um sorriso safado no rosto, de quem tem certeza que a farra iria ser boa. Agora sua preocupação já era outra: não poderia haver a menor falha no seu desempenho, pois estava entrando para um clube que separa os homens dos meninos, logo na porta de ent