Escritas entre 1903 e 1908 sem outra intenção senão a de mostrar a um aprendiz de poesia – o jovem poeta Franz Xaver Kappus (1883-1966) – os caminhos do mundo interior do escritor, as Cartas a um jovem poeta são hoje uma das obras mais conhecidas de Rainer Maria Rilke, quer pela intensidade da vivência que o autor transmite ao jovem e ao leitor, quer pela sinceridade e simplicidade com que o mestre se dirige ao desconhecido que o procurara com um grito de socorro.
“Ninguém o pode aconselhar ou ajudar – ninguém”, responde-lhe Rilke, na tradução de Paulo Rónai. “Não há senão um caminho. Procure entrar em sim mesmo. Investigue o motivo que o manda escrever, examine se estende suas raízes pelos recantos mais profundos de sua alma, confesse a si mesmo: morreria se lhe fosse vedado escrever? Isto acima de tudo: pergunte a si mesmo na hora mais tranquila de sua noite: "Sou forçado a escrever?" Escave dentro de si uma resposta profunda. Se for afirmativa, se puder contestar aquela pergunta severa por um forte e simples sou, então construa sua vida de acordo com esta necessidade.
Três anos depois da morte de Rilke, Kappus decidiu publicar as cartas que recebera do poeta em um momento decisivo de sua vida, na certeza de que as lições que recebeu de Rilke poderiam ser úteis a outros jovens, vivendo os naturais conflitos da idade. Principalmente, porque de Rainer Maria Rilke, Franz Kappus não recebeu lições de como escrever, mas sim lições de vida.