'Cartas de Elise - uma história brasileira sobre o nazismo' é o quarto livro de Luís Ernesto Lacombe, jornalista e apresentador, e sua primeira experiência na prosa. O autor refaz a trajetória de sua família que viveu na Alemanha e foi separada durante o regime de Hitler. Ernst Heilborn, avô paterno de Lacombe, desembarcou no Rio de Janeiro, em 1934. Fugia do nazismo. Na Alemanha, ficaram sua mãe, Elise, seu irmão, tios, primos e amigos. Era uma época em que a distância dividia realmente e a comunicação era difícil. Cartas, telegramas... Foi justamente a correspondência trocada por Ernst com a Alemanha que permitiu a Lacombe se aproximar de uma parte de sua família, da qual tão pouco sabia, e a desenvolver o enredo. A viúva de Ernst, que viveu até os 96 anos, sempre disse que não guardara nenhuma das cartas trocadas entre o marido e seus parentes e amigos na Alemanha. Quando Lisette morreu, em 2006, as correspondências foram encontradas em seu apartamento em Copacabana. Centenas delas, a grande maioria cartas enviadas por Elise ao filho. Tudo foi entregue à irmã caçula de Lacombe, que mora na Alemanha desde 1992. Cristina Heilborn-Guenther começou a fazer a tradução para o português e uma grande pesquisa sobre a família... Ao mesmo tempo, tentava convencer o irmão a escrever um livro sobre o assunto, contando a saga da família. Algumas cartas se transformaram em diálogos, outras serviram apenas como fonte de informação, mas várias aparecem na íntegra. A narrativa vai revelando como a vida de Elise, na Alemanha, e de Ernst e Lisette, no Brasil, é alterada durante todo o processo nazista de perseguição aos judeus. A mãe de Ernst demora a se convencer de que precisa deixar seu país. No início, não reconhece o perigo, talvez se ache inatingível. Depois, momentos de preocupação e desespero. De vez em quando, alguma esperança, nada que dure muito. Precisa fugir e não consegue. Os nazistas não deixam. A história se passa entre a Europa e o Rio de Janeiro. A Copacabana do início do século XX aparece logo no segundo capítulo. O bairro é quase um personagem. Foi onde Ernst conheceu sua mulher, Lisette. Ela cresceu num casarão em frente a essa praia, uma das mais famosas do mundo, foi uma das primeiras banhistas cariocas... O pai dela, Gastão Bahiana, foi pioneiro entre os moradores de Copa e também no ensino da arquitetura no Brasil. Primeiro presidente do que hoje se chama de Instituto de Arquitetos do Brasil, ele dá nome a uma rua importante que liga Copacabana à Lagoa.