Como leitor de uma tradição e observador de seu tempo, o poeta André Junqueira Caetano reinventa o passado no presente, fixa no mapa da memória o espaço contemporâneo e expande os limites de uma geografia poética. No livro, o tempo e sua presença são as bandeiras do poeta; o cotidiano, o gesto de hasteá-las. A partir de experimentações rítmicas e sonoras, do caráter espacial do poema na página, Caetano trabalha sua variação semântica, promovendo, de modo lúdico, a palavra que dá ao leitor reflexão e deleite em caminho de solo fértil, mas também pedregoso, com seus vãos e desvãos que chamam a atenção do leitor e interrompem um lirismo fácil, de inclinação fluvial, lembrando um João Cabral de Melo Neto. Nos versos de Le Cartogemena de Fix, a poesia se dá ininterrupta e pacientemente ao leitor, como em movimento crescente das tensões do discurso, do vocábulo, do léxico, de uma quase invenção linguística, contra uma fórmula conhecida e repetitiva da poesia. Em uma visão política da linguagem, na disputa pela linguagem, ‘a gente tem que reentender a própria língua’ e a poesia se coloca precisamente como um contraponto. Enfim, André Junqueira Caetano nos apresenta a poesia de quem se encontra atento à criação do mundo como linguagem e pela linguagem, em constante trânsito e transformação, ou como muito bem diz o poeta: ‘toda poesia é pênsil’