Restaurar é mais difícil do que construir: Depois do sucesso do sua primeira coletânea de contos, Lucio Feliciate volta à Feira do Livro de Porto Alegre com "A Casa Restaurada" debaixo do braço. Mais uma vez, dominando a técnica "de escrever muito com poucas palavras", o escritor nos oferece um caleidoscópio de narrativas, cada uma com vida própria, mas que se entrelaçam através dos personagens principais: três médicos que, finalmente, como os heterônimos de Fernando Pessoa, são um só. Costumo dizer aos meus alunos que a cultura não é indispensável para o escritor, mas que o ajuda muito, isso é indiscutível. Basta a leitura das epígrafes dos contos deste livro para mergulharmos num universo de pensamentos que Lucio Feliciate colheu em centenas de viagens, em milhares de leituras. Assim, todas as suas narrativas têm o poder do deslocamento geográfico, levando o leitor, como num tapete mágico, da antiga Rua da Margem, em Porto Alegre, às margens do Sena, em Paris. "Quando o discípulo está pronto, o mestre aparece", afirma o escritor, em uma de suas epígrafes, estribado na sabedoria Zen. Fico feliz em ser esse professor que orientou Lucio Feliciate, viu brotar seus primeiros contos e logo identificou entre eles, como neste livro, os muitos que são trevos de quatro folhas. - Alcy Cheuiche, Porto alegre - Feira do Livro de 2018