Abram alas gente preta e do território democrático e republicano, povo dos terreiros culturais, casas e rodas do saber compartilhado.
Na passarela do saber, nas livrarias e para o conhecimento e apreciação de todos uma grande reflexão conjunta - o livro “Casa Verde: uma pequena África paulistana”, do autor, compositor, sociólogo, pesquisador, diretor presidente do Instituto Samba Autêntico e capoeirista Tadeu Kaçula.
Me atrevo a escrever essa fala introdutória do livro, como um apresentador/arauto que anuncia a chegada de um grande Griot e sua obra literária. Esta obra cumpre uma etapa mais que importante de resistência, desenvolvendo de forma literária e a partir da comunidade da Zona Norte a importância de criarmos nossos próprios espaços de formação.
Quando escuto alguém dizer “nós por nós" me vem à mente levar comigo na minha jornada alguns dos meus, mantendo dentro de mim a minha história e comunidade, entrando em becos e vielas, rodas de capoeiras, sambas e futebol, promovendo formação e cultura, aprendendo, trocando conhecimento - assim como quem troca receitas e simpatias - enaltecendo nossos baluartes, mães e tias mantenedoras e zeladoras do saber ancestral, semeando e colhendo na comunidade históricos de luta.
Quando se conversa com Tadeu Kaçula é notório perceber o seu amor e empenho em defender e zelar por sua comunidade/ ancestralidade.
O sepultamento dos projetos de igualdade racial nos leva a crer que o caminho para resistir é nos organizando e conhecendo nossa comunidade, gerando cultura para nós mesmos. A memória de um povo, e, sobretudo do povo da Casa Verde é rica em detalhes magníficos. Seus quilombos, escolas de samba, equipamentos culturais desenvolvidos e criados pelo povo, Mestres e Senhoras do saber com certeza estarão nesta obra.
Ailton Graça