Em 1943, no auge da carreira, o jornalista e empresário Cásper Líbero, dono da rádio e do jornal A Gazeta, morreu num acidente da ponte aérea quando o avião em que viajava, o “Cidade de São Paulo”, se preparava para aterrissar na Baía da Guanabara. Personagem controverso, cheio de amigos e de inimigos, sua história de vida passa pelos intelectuais modernistas, duas revoluções, exílios, a II Guerra, o romance com a francesa Maggy e duas tentativas de derrubar Vargas – a quem apoiou depois, de olho na sobrevivência de sua Gazeta.
Dias depois da sua morte, seu testamento foi aberto e houve uma surpresa: exceto a casa em que morava com sua companheira Maggy, que ele deixava para ela, todo o resto da sua fortuna Cásper destinava à criação da primeira faculdade de jornalismo brasileira e à fundação que deveria manter sua rádio e seu jornal, remunerar os principais funcionários com o lucro do empreendimento e gerenciar a faculdade de jornalismo.
Arrojado e obcecado por novidades tecnológicas, Cásper providenciou a primeira transmissão ao vivo de futebol, durante o Campeonato Sul-Americano de 1922, usando um equipamento avançado para a época, o “telefone alto-falante” – um equipamento que reverberava o jogo lance a lance, narrado por telefone do Rio de Janeiro, que levou uma multidão a se aglomerar na frente do prédio do jornal, de onde saía a notícia. Talentoso criador de eventos de marketing, foi também Cásper quem criou uma das mais tradicionais corridas de rua do país, a São Silvestre, realizada pela primeira vez em São Paulo, em 1925, com 62 atletas inscritos – em 2019, a competição recebe nada menos que 35 mil inscrições de atletas de várias partes do mundo. (...)