Uma das principais artistas da fotografia internacional contemporânea, Catherine Opie (Sandusky, Ohio, Estados Unidos, 1961) é conhecida por seus retratos pioneiros da cena queer californiana desde o final dos anos 1980. Um dos elementos fundamentais do trabalho da artista é o registro de diferentes performances de gênero através de uma revisão crítica do gênero do retrato. Daí o título da exposição, que se apoia na duplicidade do sentido da palavra “gênero” na língua portuguesa: tanto categoria artística quanto identitária. Opie dialoga com a tradição do retrato — esse modo de representar a figura humana que remonta ao século 15 no Ocidente — produzindo um arquivo de diversos sujeitos, coletivos, gêneros e sexualidades de seu tempo. O trabalho de Opie é absolutamente fundamental para a fotografia contemporânea ao questionar, por meio da produção de imagens, distinções tradicionais binárias entre o masculino e o feminino, com o intuito de reconhecer e de acolher muitos outros, algo intrínseco e central nas discussões em torno de questões LGBTQIA+. A mostra no Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (MASP) é a primeira individual de Opie no Brasil, e conta com 66 fotografias da artista feitas entre 1987 e 2022, bem como 21 pinturas do acervo realizadas entre os séculos 15 e 19, também reproduzidas neste catálogo, com o objetivo de acentuar os diálogos, tensões e reformulações propostos pelo trabalho de Catherine Opie.