É a exposição antológica mais abrangente já dedicada à poeta, artista visual e ativista feminista Cecilia Vicuña (Santiago, 1948). Com curadoria de Miguel A. Lopéz, e organizada pelo Museo Nacional de Bellas Artes de Santiago (MNBA), em colaboração com o Museo de Arte Latinoamericano de Buenos Aires (MALBA) e a Pinacoteca de São Paulo, a exposição oferece uma leitura do trabalho de Vicuña a partir de uma perspectiva sul-americana.
Em conjunto com a publicação que a acompanha, analisa sessenta anos da produção de Vicuña, de 1964 até os dias atuais, destacando seus vínculos, com o Chile, Argentina, a cordilheira dos Andes, a memória têxtil pré-colombiana, as lutas feministas e o erotismo, e com as demandas de autodeterminação das comunidades indígenas. As mais de duzentas obras em exposição incluem pinturas, desenhos, serigrafias, colagens, tecidos, vídeos, fotografias, instalações, livros-objeto, documentos e performances sonoras realizadas em diferentes lugares das Américas e da Europa.
Desde a década de 1960, o trabalho visionário de Vicuña dedica-se a honrar o equilíbrio e a reciprocidade do mundo natural, sem agredir ou intervir violentamente nele. Seu trabalho valoriza a dimensão ritual, medicinal e curativa da arte. Sua compreensão cíclica do ato criativo se manifesta em obras que são ações projetadas para o futuro, e que convidam, por sua vez, a novos atos de criação coletiva.
Sessenta anos depois da instauração da ditadura militar no Brasil (1964), cinquenta anos depois do golpe militar no Chile (1973) e quarenta anos passados da volta da Argentina à democracia (1983), esta publicação nos lembra do compromisso de Vicuña com as lutas populares, o respeito aos direitos humanos e a importância de confrontar a devastação em seu amplo espectro, e nos convoca à coletividade e ao reconhecimento de nós mesmos como seres sensíveis e capazes de transformar a realidade.
Sonhar a água o nome da exposição, é um convite para mudarmos nossa relação com a Terra. "Sem umid