Renato Dente Luz é um psicólogo praticante de LIBRAS. Não nasceu sem ouvir, tampouco precisou enfrentar qualquer perda de audição. E não é por parentesco que está perto de cidadãos surdos… Isto dá o que pensar sobre sua ligação com essa gente cuja língua é articulada pelas mãos e não por cordas vocais.Rebaixamento e desmoralização dos surdos. Antagonismo. Resistência. Luta. Comunidade. Troca. Interpretação. Atenção. Há disso tudo um pouco neste livro. E a linguagem participando de todos estes pontos. Renato traz o leitor para a convicção de que a linguagem não é tudo, mas é decisiva para a aparição dos surdos como cidadãos e como gente, tal e qual para todos nós. Tomar por cenas o retrato de pessoas é admitir que ninguém cai ou anda, fala ou emudece, aparece ou desaparece por si mesmo, mas segundo o modo como sofre e enfrenta sua situação, seu mundo, uma certa conjuntura histórica. E segundo o modo como pesam-lhe a situação, o mundo, a história e os outros humanos. É alcançar alguém, tendo estimado o cidadão na cidade. A condição dos surdos não é decidida apenas por eles. Uma psicologia clínica que não pretenda deixar-se levar por abstrações que, exagerando a percepção isolada, reitera preconceitos, precisa tornar-se psicologia social, precisa atinar com o drama de alguém. Reencontrei e aprendi muita coisa neste livro. É agora vez de outros leitores. José Moura Gonçalves Filho