Este livro é fruto da investigação de quatro textos dramáticos de autoria de César Miguel Brie, a saber: El mar en el bolsillo (1989), La Ilíada (2000), Otra vez Marcelo (2005) e Karamazov (2011). Tais textos foram escolhidos, a princípio, pelo espaço temporal entre cada um, o que permitiu cotejar os traços constantes da criação dramatúrgica do autor e suas escolhas de temáticas políticas. Sua performance textual centra-se, sobretudo, na rapsódia de outros autores tomados como duplos, respectivamente: Fernando Pessoa, Marcelo Quiroga, Homero e Fiódor Dostoiévski. Valeu-se, de um lado, de um corpus teórico formado por autores que pensam a dramaturgia contemporânea, como Jean-Pierre Sarrazac, com os conceitos de rapsódia e coralidade e, de outro, de um corpus formado pelos pressupostos que caracterizam a criação do romance contemporâneo, tais como reinventividade e hibridismo, em diálogo com as características já presentes na forma do romance moderno, como acanonicidade, dialogismo e intertextualidade. Assim, analisou-se, na poética brieniana, a (re)configuração do drama enquanto gênero, a partir da irrupção do romance no teatro, e a potência dessa (re)configuração para trazer, ao texto e ao palco, temáticas políticas relevantes, que geram discursividades, imagens e performances cujos fulcros estão na revisão da história hegemônica e no confronto às verdades.