As notícias sobre o avanço chinês não param de surpreender. Diariamente a imprensa internacional traz novidades sobre o "dragão" que dobra o tamanho de sua economia a cada seis ou sete anos. E que, com imenso apetite, compra insumos, pressiona preços dos produtos básicos, invade mercados de países industrializados e em desenvolvimento. Como entender uma nação que em duas décadas saiu da periferia para o centro das decisões globais? James Kynge, autor de 'A China Sacode o Mundo', que a Editora Globo acaba de lançar, é uma das pessoas mais qualificadas do planeta para dar essa resposta. Ele conheceu como estudante um país ainda fechado às idéias do ocidente e retardatário na corrida pelo progresso em 1982. Desde então, trabalhou 19 anos comojornalista na Ásia e tem a experiência de mais de uma década fazendo reportagens por todo o imenso e desigual território chinês. Ninguém acompanhou mais de perto as transformações econômicas, sociais e culturais que hoje colocam o país no centro dasdecisões mundiais. Entender essa ascensão definitivamente não é uma tarefa que caiba a iniciantes. Com a maior população do planeta e uma civilização milenar que constituiu um império centralizado, qualquer análise sobre a China exige uma olhar diferenciado. E é essa sensibilidade que o autor transmite. O livro traz uma atenção a histórias e detalhes que só um grande repórter pode perceber. Se para o mundo os grandes números do poderio econômico são uma medida do fenômeno chinês, certamente nãosão suficientes para explicar o que acontece com um povo que ambiciona um papel internacional de protagonista. Para entender isso é preciso acompanhar James Kynge em suas viagens pelo país, com ele visitar lugares de produção e de lazer, conversar com as pessoas - desde grandes lideranças até os mais simples trabalhadores. Assim, o leitor brasileiro terá a oportunidade de reconhecer que o evento mais determinante para esse nosso século não pode ser expresso apenas pela frieza da macroeconomia.