Esse livro registra 30 anos da história da cidadania brasileira descobrindo a prioridade de acabar com a fome. Os jornalistas Plínio Fraga e Ana Redig contam como a Ação da Cidadania avançou, apesar do triste cenário dos últimos cinco anos. Essa história começa com Betinho, despertador de consciências. Seus olhos pronunciavam palavras, a boca emitia luz, como as estrelas. Sabia sintetizar ideias que acendiam luzes nas nossas mentes. Contava que lutava contra as injustiças sociais, racionalmente. Quando incluiu o coração na luta, criou a Ação da Cidadania. Milhares de pessoas entenderam: quem tem fome tem pressa! Betinho privilegiou o ato: governos são para empurrar e cidadania para fortalecer. Deixou para nós uma missão, agir numa orquestra: no ato, no fato, na emergência e no planejamento. Alimento, emprego, educação, arte, justiça socioambiental e comunicação. Saímos do mapa da fome em 2014. E ela voltou. Quando escrevi o livro dos 25 anos da Ação da Cidadania não desconfiava do futuro que nos aguardava. Escapamos, de novo, apesar do governo e da pandemia. A Ação da Cidadania se reinventou, inspirada nas luzes que Betinho deixou. Agora pelas mãos de Daniel Souza e Kiko Afonso, respectivamente, filho de Betinho e de Carlos Afonso, fundadores do Ibase, uma das primeiras ONGs do Brasil. A fome do prato vazio continua a ser dolorosa e apressada. Nessas três décadas tudo mudou, mas o tamanho e a dor da fome são as mesmas. E poderia ser muito pior. A Ação chegou com alimentos a todo Brasil. Governança, estratégias e comunicação, adaptados ao hoje, inspirando a cidadania! Alimentos doados, agricultura familiar e cozinha solidária. Esse livro honra os comitês, a força da solidariedade criativa. Daniel e Kiko souberam ler a alma de Betinho vivendo noutro tempo. Manter o essencial sem ter medo de inovar. Que a gente consiga vencer a fome do prato vazio e continuemos a cuidar das outras fomes. A pergunta eterna será: você tem fome de quê?
Nádia Rebouças