Claude Lévi-Strauss cresceu em Paris no início do século XX, em um antigo lar judeu e em meio a uma próspera vanguarda. Aos dez anos de idade, ele conseguia recitar longos trechos de Dom Quixote decorados e logo começou a pintar obras "cubistas" e a compor música. Estudou direito e filosofia na Sorbonne, mas, desiludido com a tradicional academia francesa, mudou para a disciplina de antropologia que acabava de surgir. Em 1938, na véspera de seu trigésimo aniversário, Claude estava no Brasil, liderando uma expedição etnográfica para estudar os Nhambiquaras - uma vaga designação de grupos nômades que perambulavam pelo planalto, nus exceto por plumas no nariz, braceletes e cintos. Em uma fotografia tirada na época, Lévi-Strauss está às margens de um rio, barbado e queimado de sol, com um macacão encardido, um chapéu de estilo colonial e botas de couro de cano alto. Este foi o início de uma revolução intelectual que mudaria a face do pensamento ocidental. Nesta biografia, Patrick Wilcken traça um retrato do "pai da antropologia moderna", que influenciou grandes nomes da segunda metade do século XX, como Michel Foucault, Roland Barthes e Jacques Lacan. Recorrendo a entrevistas com o próprio Lévi-Strauss, a pesquisas em seus arquivos mantidos na Bibliothèque Nationale em Paris e a conversas com antropólogos contemporâneos, Wilcken explora e explica suas ideias, revelando o homem por trás delas como um escritor e artista frustrado, que injetou uma sensibilidade artística na academia usando a imaginação e as ideias valiosas de um poeta.