Coelho Netto é, na história da literatura brasileira, um romancista de trajetória singular. Participante ativo da campanha abolicionista e republicana na juventude transformou-se a partir dos primeiros anos do século XX em um dos principais escritores brasileiros de sua geração. Com uma produção de mais de 120 volumes, em sua maior parte composta por romances, contos e crônicas, atuou ativamente na imprensa carioca das primeiras décadas da República, e foi dos primeiros autores brasileiros que tentou (nem sempre com sucesso) viver exclusivamente das letras. Como resultado desta produção, tornou-se um dos mais lidos e prestigiados literatos de seu tempo - o que lhe valeu em 1928 o título de 'príncipe dos prosadores brasileiros', em concurso promovido pela revista O Malho. Àquela altura, no entanto, sua obra se tornava o alvo privilegiado da crítica de jovens escritores modernistas que, ao despontarem no cenário literário nacional, passaram a tomar sua produção como exemplo maior do tipo de literatura que combatiam. Críticos da forma pomposa e rebuscada de muitos de seus escritos, definiam Coelho Netto como um autor passadista e estéril, cuja produção não seria capaz de enfrentar os grandes dilemas da nacionalidade. Como resultado seu nome, associado a um formalismo e cosmopolitismo que seriam as antíteses do tipo de literatura que defendiam, se tornou o símbolo de tudo o que combatiam esses novos autores.