A obra é um testemunho instigante, em clima de realismo mágico tropical, que José Padim faz no instante em que se vê perdido no interior de uma caverna, desamparado, sozinho e sem luz. Um homem nessas condições, segundo o próprio personagem, tem apenas nas lembranças sua única ligação com o mundo exterior. Mas o tempo passa, a esperança de sobreviver se debilita e ele começa a ficar cansado e confuso. Nesse momento, fixado no que pensa ser seu passado, Padim percebe que sua memória pode estar lhe pregando peças. Para não sucumbir de vez no abismo esmagador da insanidade, ele se agarra desesperadamente às imagens que evoca de sua vida, verdadeiras ou falsas, como se elas pudessem indicar o caminho da saída, ou, pelo menos, garantir sua sobrevivência. Ele nasceu numa vila afastada da Amazônia e conviveu com índios, conheceu descendentes de quilombos, missionários, colonizadores de todo o tipo e até guerrilheiros que protagonizam, em sua cabeça, uma saga de quatro gerações em contato comos mistérios da floresta e com a efervescência de uma civilização apenas nascente.