Com quantos rabinos se faz um Raimundo é uma polifonia instigante, que nos leva a ocupar muitas almas, tempos e corpos. O livro conta as possíveis histórias de Raimundo, o morador de rua que pediu ao rabino de Pinheiros que distribuísse comida aos desvalidos. São quatro rabinos e um Raimundo apresentados por uma plêiade de vozes e personagens. Conhecemos histórias dessas muitas vozes e daqueles que nas noites de sexta-feira, por razões que desconheciam, comiam tomates e pimentões recheados (os mesmos com que nós, amigos de Nurit, somos contemplados em encontros em sua casa). “Eles quiseram nos matar, Deus nos defendeu, agora vamos comer”. Os que temos o privilégio de conviver com Nurit conhecemos bem essa frase, no que ela tem de humor, sabor e amor. Para mim, o livro de Nurit foi, além do prazer da leitura, um encontro com nossa amizade, cultivada por anos de encontros e afetos, pontuada por várias histórias aqui narradas e compartilhadas em volta da mesa, onde ocorrem as mais ricas e saborosas conversas dos que sabem cultivar amizades. Mas mesmo que você não tenha privilégio de compartilhar da mesa e da amizade de Nurit, a história de Raimundo e seus rabinos vai capturá-lo desde a primeira linha, porque ela é um tanto das histórias de todos nós, cruzadas e entrelaçadas." Maria Luiza Gastal