Weber nos ensinou no início do século XX que as condições sociais econômicas e os valores religiosos estavam – e ainda estão – umbilicalmente ligados. E tentar analisá-los de forma isolada ou com a pretensão de contradição pode ser ignorância ou estratégia ideológica, duas posições aliás, que se parecem. Leonardo Alvarenga, a partir de uma realidade micro – a cidade de Macaé/RJ – e uma igreja localizada – Igreja Batista –, ambas alteradas por um fenômeno econômico – a exploração do petróleo –, nos traz uma análise que transcende a temporalidade e espacialidade. O fenômeno religioso atinge a todos em todos os lugares e tempos, mas cada época e local, cidade, igreja e economia, tem suas especificidades. Essa é, a meu ver, a melhor contribuição desse texto: nos ajuda a entender que a Capital do Petróleo, afetada da religião, além do petróleo também teve outros resultados.
Gedeon Freire de Alencar
O fato de ter uma visão “de dentro” – a posteriori distanciada pelo trabalho sociológico – constrói um olhar particular sobre esse objeto, diferente daquele do pesquisador que nunca pertenceu a essa corrente religiosa. A “metodologia clássica” que Leonardo Alvarenga está utilizando, em particular a definição da religião emprestada de Danièle Hervieu- Léger, me parece particularmente bem adaptada para dar conta de tantas transformações pelas quais passaram todas as religiões brasileiras nos últimos cinquenta anos. Marion Aubrée Os batistas no Brasil têm uma característica peculiar quando comparados aos demais grupos protestantes que chegou ao país, qual seja, priorizaram no processo de evangelização as maiores cidades brasileiras à época. Por essa razão, os batistas têm maior capilaridade em áreas urbanas e isso trouxe alguns problemas e desafios. O estudo que agora a leitora e o leitor têm em mãos, é o esforço que o autor fez para entender essa relação entre urbanidade, mudanças culturais e religião. A partir de um recorte preciso na cidade de Macaé/RJ, Leonardo Alvarenga