Textos clássicos definem-se pela sua capacidade de atravessar os séculos sem perder a atualidade e a vitalidade, capazes de serem adaptados, redimensionados e reestudados sob novas e inesperadas perspectivas, nunca imaginadas sequer pelos seus autores. Goldoni é um dramaturgo – o primeiro italiano a viver efetivamente deste trabalho – cuja extensa obra, em grande parte, se encaixa à perfeição nesse perfil. Embora o nome soe familiar, o público brasileiro conhece pouco ou nada da obra deste grande reformador do teatro italiano de sua época, que levou aos palcos personagens com profundidade psicológica, contextos político e social apurados, além do pioneirismo em oferecer grandes papéis a mulheres. Pois quase nenhum de seus textos foram publicados aqui. Neste livro, Alessandra Vannucci, encenadora e pesquisadora, selecionou seis obras-primas das comédias do autor – O Teatro Cômico, Café, O Mentiroso, A Dona da Pousada, Bafafá e O Leque – para compor a primeira antologia do veneziano em nosso país, com as peças. Poucas dramaturgias no Ocidente venceram a prova dos séculos e ultrapassaram as fronteiras de seu idioma: um punhado de clássicos gregos, ingleses, espanhóis, portugueses e franceses. E um italiano – Carlo Goldoni. Goldoni mudou a forma de fazer teatro na Itália e na França, transformando os argumentos para a improvisação da Commedia dell Arte, com seus tipos fixos e suas máscaras, em textos complexos, que davam vida à personagens com densidade psicológica, fruto de uma observação arguta da realidade social. Populares, não apenas os ingressos, mas também as edições escritas de suas peças esgotavam com rapidez! Comédias de Goldoni, organizada por Alessandra Vanucci, é a primeira antologia do autor publicada no Brasil, reunindo seis das principais peças da sua dramaturgia, em versões que buscam a vitalidade e a atualidade que só a palavra fluida é capaz de transmitir. Uma obra que não apenas permaneceu, mas manteve-se vigorosa e influente onde quer que tenha sido encenada. Ficamos por aqui, agora é com o leitor! Afinal, Chi parla troppo non può parlar sempre bene.