Quase sessenta anos de reforma litúrgica alteraram profundamente o modo como os católicos se aproximam da Missa: o sentido do sacrifício foi esvaziado, e a participação nela passou a ser entendida mais como uma prática social ou um espetáculo do que como um ato de adoração. Para completar, os palavrosos sermões, desprovidos de consistência teológica e doutrinal, mas ricos em opiniões pessoais e considerações sociológicas, passam longe de instruir os fiéis. O resultado foi a dessacralização progressiva do rito, que o banalizou e o expôs a uma série de abusos. Foi então pretendendo corrigir os excessos induzidos pelo chamado “espírito do Concílio” que Bento XVI iniciou, em seu pontificado, a “reforma da reforma”.
A fim de que atravessemos as ondas de hoje sem nos tornarmos caniços agitados pelo vento — sem perder a chama da fé —, Nicola Bux descreve aqui, com verdadeiro sentido pastoral, a teologia e a espiritualidade da Santa Missa, ato mais sublime da fé católica. Ele nos recorda que a liturgia não deve exprimir a efêmera atualidade, mas o mistério permanente: o dom de Cristo na cruz, o Banquete do Cordeiro. Só a sacralidade do gesto e a dignidade solene do rito dispõem a alma a abrir-se ao mistério, contemplá-lo e então vivê-lo.