Habemus Papam. A fumaça branca que marca os finais dos conclaves sinaliza o ápice da hierarquia católica. Mas para usar o anel de Pedro, um cardeal tem longo caminho a percorrer. Uma carreira religiosa, mas nem por isso menos política, que começa com um bispado. A rotina da cúria romana para nomear bispos é a base do poder temporal da Igreja e, também, a espinha dorsal de Como se faz um bispo, do jornalista J.D. Vital. Acostumado com as minúcias do universo das nomeações — foi assessor dos então governadores Tancredo Neves e Hélio Garcia —, Vital mostra, aqui, como é a preparação prática de um bispo: da organização do curso até o dia-a-dia das aulas. Trata do papel do papa e, ainda, da cerimônia de sagração. Analisa os aspectos que podem ser decisivos para auxiliar padres a se tornarem bispos. Tudo com base nas regras e procedimentos descritos no Código de Direito Canônico. Como se faz um bispo também fala das principais instituições dedicadas a preparar padres para a administração de dioceses, como o Pontifício Colégio Pio Brasileiro. Criado em 1934 para ser uma fábrica de bispos, e inspirado no Colégio Pio Latino-Americano, formou mais de 1800 alunos e supriu a carência no ensino eclesiástico no país. Vital pesquisou, também, artigos de jornais e revistas, documentos redigidos por integrantes do clero, além de entrevistar bispos e padres, para compor um cenário da nova Igreja brasileira e sua relação com Roma. Explica porque a Nunciatura Apostólica, em Brasília, é uma das mais atarefadas na rede diplomática mundial vaticana. E porque o Brasil é o país com o maior número de sedes episcopais. Um livro fundamental para compreender uma das mais antigas — e importantes — instituições religiosas do planeta.