O Compendium Theologiae, outrora também intitulado Brevis Compilatio Theologiae ad Fratrem Raynoldum de Piperno e De Fide, Spe et Charitate ad Fratrem Reginaldum Socium Suum, é obra essencial para o que quer iniciar-se na Sacra Teologia, e na sacra teologia tomista. Mais que por isso, porém: porque escrito nos derradeiros anos de vida do Mestre, este compêndio encerra sua visão mais madura não só dos temas propriamente teológicos, mas também de seus mesmos supostos filosóficos. É a seu modo uma suma. Como ao Tratactus de Substantiis Separatis e à mesma Suma Teológica, não pôde o Santo completar seu Compêndio. Escrito a pedido de seu filho espiritual e irmão de religião, Frei Reginaldo de Piperno, para que ele próprio, Reginaldo, o pudesse usar como sinopse da sacra doutrina, o Compêndio deveria dividir-se em três partes: a Fé, a Esperança e a Caridade. Completa, o angélico Doutor ?só? nos legou a primeira parte, a referente à Fé, na qual se explicam de maneira sucinta, lógica e cristalina os mistérios da Revelação na mesma ordem em que os contém o Símbolo dos Apóstolos. E, como convém à Sacra Teologia segundo a própria doutrina tomista, o Compêndio trata a Deus sub ratione Deitatis, e é segundo isto que se tecem aqui o tratado de Deus Uno e Trino, o da Criação, o da Redenção e o dos Novíssimos. Como dito, todavia, também estão presentes no Compêndio os supostos filosóficos essenciais da doutrina tomista: substância e acidente, ato e potência, matéria e forma, a essência como potência ao ser, o ser como atualidade de todos os atos, o Ser por essência e o ente por participação; a unidade e as potências da alma humana; Deus como a simplicidade simpliciter, e seus demais atributos. Morto Santo Tomás, a quem durante quinze anos servira fiel e cotidianamente como secretário, foi o humilde Frei Reginaldo quem primeiro lhe testemunhou a santidade, quem lhe recolheu e catalogou as obras, quem lhe completou a Terceira Parte da Suma Teológica, quem o substituiu na Cátedra de Teologia da Universidade de Nápoles. E, mostrando-se à altura do inapreciável regalo que fora o Compêndio de Teologia, Frei Reginaldo não o conservou só para si: abriu ao mundo as páginas de uma das mais perenes obras da Teologia Sagrada.